5 de agosto de 2009

Orgulho, preconceito, razão e, principalnte, sensibilidade

O café fez parte de nossa história. Quando nós terminamos, eu sabia que era só voltar no mesmo lugar e sentar na mesma mesa, então eu lembraria de cada momento ali juntos. Ás vezes lembrava de outras ocasiões fora dali, principalmente as mais marcantes e palpitantes. Aquela cafeteria tornou-se o meu templo de nostalgia, apesar de sempre escrever novas histórias quando ia lá.
Completando um ano que nos conhecemos, fomos tomar um café, depois de tantos meses. O pedido foi o mesmo — ele, espresso; eu, cappuccino — e nossas vozes também. Em cada parte perfeita do olho claro, da pele macia, do cabelo desgrenhado, da roupa colorida e do sorriso sincero, não notei mudança, ele era praticamente o mesmo. Eu, nem tanto; meu cabelo havia mudado, minha pele começara a ficar sem imperfeições, minha cabeça e tudo o que se passava nela... eram irreconhecíveis.
Apesar disso, olhar para ele foi totalmente novo. Ver a mesma pessoa numa situação tão diferente! Ele estava mudando de cidade e, naquele momento, não tive medo. Uma pessoa que eu queria tanto ter ao meu lado, mas já havia a perdido. Ou melhor, nos perdemos. Ele confessou ter ciúmes de mim, ainda. Do que adianta um continuar querendo o outro se ambos não tinham coragem de se redimir?
É uma estupidez moderna ter esse orgulho se sobrepondo ao amor. Agora há regras! Quem deve ligar no dia seguinte é ele, quem deve se fazer de difícil é ela e quem não segue essas regras, caia fora, é apenas uma pessoa querendo viver.
Eu deveria parar de chorar por essa vontade e esquecer isso, deixá-lo ir e nunca mais vê-lo. Eu devo, sim, eu devo. Mas não vou.
Pessoas que são puro sentimento não conseguem se adaptar à sociedade. Quando tentam, sofrem. Quando não tentam, são vistos pelos outros, os racionais, como loucos, obsessivos e tapados. Como se livrar do desespero dos dois lados? Ser contaminado por regras gera mais sufoco. Pessoas que são puro sentimento só estarão em paz quando amarem outra pessoa que é puro sentimento.



Temos a arte para que a verdade não nos destrua
Nietzsche

2 comentários:

Desi disse...

agora fico pensando se é verdade ou uma história, não precisa me contar, porque eu já passei por isso.

bjoos Mari :D

cla. disse...

odeio ser tão orgulhosa, essa regras também são bem inúteis.