9 de agosto de 2009

"Morreria, se lhe fosse vedado escrever?"

A minha leitura de um trecho de uma carta escrita por Rainer Maria Rilke.

"relate... sua fé em qualquer beleza..."
São três horas da tarde de uma quarta-feira qualquer em julho, em uma cidade de apenas trinta mil habitantes, interior de São Paulo. Na entrada de uma casa, entre um extenso gramado ainda verde, uma árvore colore sua copa com tons vermelho-alaranjados. No galho mais baixo uma de suas folhas ganha um tom de morte mais marrom e, sem fazer alarde, é a primeira daquele outono a cair da árvore.

"...as imagens de seus sonhos..."
Perdida num mar de pessoas conhecidas mas, ao mesmo tempo, estranhas, andava pelos corredores da escola, a procura da sala onde a cordenadora estava à minha espera. Ao passar pela possível sala, meus olhos encontraram um homem de ombros largos, alto e um tanto grisalho. Por frações de segundo, questionei-me de quem seria ele. Mas uma certeza se instalou em mim sem razão, apenas por sentimento. Ele sabia muito bem quem eu era. Sua voz me foi inconfundível ao sibilar um oi. Sem forças nos pés, fui ao encontro de seu abraço. O único que eu tive em toda minha vida.

"... e os objetos de sua lembrança."
Meu ritual favorito aos 8 anos era, com um tempo livre na casa dos meus avós paternos, abrir o armário do quarto de meu avô e dedilhar o antigo violão do meu pai, tinha até uma pequena placa no braço do instrumento com o nome dele. Eu tocava em suas cordas desejando conhecê-lo, saber fazer o mesmo que meu pai. Ao mesmo tempo, tentava invocar seu espírito musical presente naquela madeira velha.

2 comentários:

Desi disse...

"Ao mesmo tempo, tentava invocar seu espírito musical presente naquela madeira velha."

gostei, cada trecho é quase uma conversa particular que de alguam forma também tem haver com quem a lê.

bjos e ótima semana!

Sofia disse...

Adorei o seu texto e o seu blog. Parabéns!

Ps. Já te botei no favoritos *-*
beijos,
Sofia
(http://pirulito-no-palito.blogspot.com)