Perdeu-se a freqüência em que Fernando aparecia na casa da garota, mas, em compensação, mandava-lhe muitas cartas por meio dos serviçais. Trocavam duas ou três por dia e encontravam-se semanalmente sem a família saber. A desconfiança de Sra. Molina permanecia ao ver a filha sempre escrevendo ou recebendo correspondências. Havia interceptado algumas, mas falavam apenas de livros e do desejo de Fernando se tornar engenheiro.
Sr. Guerra jantava toda semana na casa de Marília, sua mãe começou a levá-la muito no alfaiate, sempre encomendando vestidos cheios de rendas e bordados para a moça ser atraente aos olhos do futuro noivo. Uma noite, com um de seus novos vestidos, Sr. Guerra foi deixado sozinho com Marília na sala, por insistência de Sra. Molina.
-Marília - disse o homem, culto como de costume, apesar do tratamento íntimo -, chame-me de Dirceu, somente. Já nos conhecemos a um bom tempo, não precisamos de tanta formalidade.
-Meu caro - ela foi mais polida ainda -, eu prefiro manter as formalidades, portanto, sugiro que conforme-se por me referir ao senhor como... Sr. Guerra.
-Então, vou chamar-te se Srta., novamente. Srta. Marília, saiba que aprecio muito como está vestida esta noite.
Na tarde seguinte, Fernando visitou Marília, depois de vários dias sem vê-la. Levou-a para ver o mar, que tanto adoravam. Apesar do sapato inadequado e o longo vestido, logo chegaram a praia vazia. Sentaram-se em uma pedra e conversaram sobre a noite anterior.
-Fernando - ela disse triste -, eu não suporto mais a presença daquele homem. Minha mãe quer me casar logo com ele, parece até que ela quer fazer isso antes mesmo que Helena e o Sr. Figueiredo fiquem noivos.
-Minha querida, eu não gosto do rumo que as coisas tomaram. Eu fiquei tão distante de você! Fico dias sem te ver. E aquele homem se jogando sobre você.
-Fernando, eu acho que isso não vai dar certo...
-Marília, isso vai dar certo! Eu vou fazer dar certo. Eu quero ficar com você.
Fernando abraçou sua cintura e aproximou seu rosto do dela. Deu beijinhos em sua face, aproximando-se cada vez mais de sua boca, até que tocou seus lábios. Marília hesitou por alguns segundos, mas correspondeu ao beijo, abraçando-o também.
Poucas semanas mais tarde, Sra. Molina convidou novamente Sr. Guerra para jantar. Marília fora obrigada pela mãe a usar um vestido ainda mais caro, menos simples que seu gosto e com um sutil decote. Ela mal podia respirar usando aquele espartilho apertado; tinha certeza que era alguma ocasião muito importante, era a segunda vez que o usava, a primeira fora numa festa do governador.
Após o jantar, Marília ainda estava com fome, estava tão apertada que mal conseguira engolir. Foi deixada a sós com o nobre senhor na sala de jantar, enquanto a família conversava na sala.
-Está deslumbrante esta noite - ele comentou -, Srta. Marília.
-Fico lisonjeada - ela disse pausadamente -, Sr. Guerra.
-Srt.a Marília, eu considero agora um momento muito oportuno para pedir-te novamente que essas formalidades sejam esquecidas.
-Sr. Guerra...
-Srta. Marília - ele a interrompeu -, eu a aconselho a esquecer este tal de Sr. Guerra. Eu sou Dirceu. E, após todos esses meses freqüentando sua casa, descobrindo o quão encantadora você é, Marília, eu decidi não esperaram mais. Quero que aceite meu pedido de casamento.
-Sr. Guerra, eu...
-Dirceu - a interrompeu novamente.
-Sr. Dirceu, eu realmente aprecio seu gesto gentil e educado, mas não acho aconselhável noivar tão cedo com o senhor. Minha irmã mais velha ainda nem firmou o noivado com o Sr. Figueiredo, depois de tantos anos mantendo contato.
-Marília, eu conversei com a Sra. Molina, ela disse que não há problema.
-Desculpe-me, Sr. Guerra, eu...
-Dirceu.
-Sr. Guerra, eu recuso o seu pedido. Mas agradeço o gesto gentil de fazê-lo.
Marília retirou-se da sala e foi até o quarto, Sra. Molina a seguiu e exigiu uma explicação por abandonar deseducadamente o nobre senhor na sala.
-Mamãe, eu não desejo casar com aquele senhor!
-Marília, eu não quero saber dos seus desejos! Você tem que ficar noiva dele! É um acordo de anos na nossa família! Você sabe que Helena não foi a escolhida por que o Sr. Figueiredo demonstrou interesse por ela antes.
-Mamãe, o que a Helena vai pensar se eu noivar antes que ela?
-Se o seu problema é a Helena, eu vou fazer o que deveria ter feito há meses, você vai para o internato até sua irmã ficar noiva do Sr. Figueiredo.
Escrito por Mariana Guerra e Ariane Tamara Francisco
28 de fevereiro de 2009
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2 comentários:
ôooo, cadê o final??????
Tô curiosa!!!!!!
OMG tá ficando demais isso!
que não tenha um fim trágico por favor! nem triste!
mas tá ficando muito bom isso...
tá lembrando aquelas Radio Novelas sabe???
demais! =D
beijos May! (L)
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